23 junho 2010

Não tem escolha

'A ele não valia a pena perguntarem-lhe o que queria ser quando fosse grande. A resposta, quisesse ele ou não quisesse, só podia ser uma:
— Rei.
Tinha de ser. Pois se ele era príncipe, filho único de um senhor rei, que outra coisa, profissão ou destino podia caber nos seus projectos de futuro?
Pensando nisto, o príncipe, que não tinha vontade nenhuma de ocupar o trono dos seus antepassados, entristecia.
Uma vez, ouvira o jardineiro dos jardins reais queixar-se:
— O meu filho, que eu gostava tanto que fosse jardineiro como eu, diz que não tem vocação para a jardinagem.
Se ele dissesse o mesmo (isto é, o equivalente!), o que é que aconteceria?
Encheu-se de coragem e disse.
O rei, que era um homem compreensivo, respondeu-lhe:
— Meu filho, eu, quando tinha a tua idade, queria ser arquitecto, mas o teu avô deixou--me esta obrigação, o que havia eu de fazer?
Por sinal que era um rei muito dado a construções. Se queriam vê-lo feliz, mostrassem--lhe projectos de obras públicas, hospitais, escolas, novas cidades. O rei ficava encantado, dava opiniões, discutia com os arquitectos e os engenheiros como se fosse um deles.
— Se não tivesses de ser rei, o que é que gostarias de ser, quando fosses crescido? — perguntou o rei ao príncipe.
— Gostava de ser veterinário — respondeu o príncipe.
— Não vai ser fácil. Um rei veterinário não é muito comum. Há casos de reis-soldados, de reis-marinheiros, de reis-músicos, mas de reis-veterinários não tenho ideia. No entanto, vou pensar no assunto.
Era um bom pai e um bom rei. Em segredo, começou a projectar um grande jardim zoológico. Desenhou tudo muito bem desenhado, como se fosse um arquitecto.
Quando tinha a obra toda projectada, estendeu os rolos dos projectos diante dos olhos do filho e disse-lhe:
— Ficam ao teu cuidado, para que tu construas o jardim, quando fores rei.
— Mas o pai podia mandar construir agora — disse o príncipe.
— Quero que fique à tua responsabilidade. Quando eu morrer, deixo-te o reino e estes projectos, para que te ocupes deles.
Assim sucedeu. O príncipe tornou-se rei. Não tinha alternativa. Uma vez coroado, dedicou-se com entusiasmo aos trabalhos de governação. Mas com mais entusiasmo se dedicou a levantar o jardim zoológico, que, uma vez pronto, maravilhou o mundo.
Ao jardim deu o nome do senhor rei seu pai, que tinha querido ser arquitecto.'

António Torrado

Apesar de estarmos 'destinados' a um 'profissão' isso não significa que tenhamos de desistir dos nossos sonhos. Cabe a nós arranjar maneiras de conseguir aproximar o que gostamos a aquilo que estamos destinados.

beijos


3 comentários:

xdruba disse...

“Existem apenas duas maneiras de ver a vida: Uma é pensar que não existem milagres; e a outra é perceber que tudo é um milagre”. Albert Eisntein

Agora é só desenvolver... Desenvolve o tema e coloca no teu blog... Eu vou ver se faço o mesmo =P

Nuno Martins disse...

fogo, ia aqui comentar a perguntar onde ela encontra estes textos, e tu metes esse comentário para ela desenvolver um texto... uff, que trabalheira!! eheh. bjs pra 2 das minhas manas preferidas!!!

TeReSa MaRtiNs disse...

Quer dizer, estou eu a dormir e os senhores na net a divagar! xD Beijoka manos